Sexydade
Vou abrir artérias
em teu cimento,
em tua alma de slogan,
te violar;
vou cavar um duto
em teu coração de gueto,
arar teu saara.
Não adianta fugires
com teus cadáveres
no micro-ondas,
com tuas bundas S. A.
Vou te desmontar,
iluminar os buracos
da tua cara.
Caniboys
I
Não se matam mais humanos para consumo,
pra fazer mingau de vísceras.
Não se matam mais em rituais
com tambores em volta da fogueira:
o olhar da presa esbugalhado
e heróis uivando para os deuses.
Matam-se pelo que não tem nome.
Mudaram-se os dígitos da insânia cíclica
no site da morte e sua noite metafísica.
II
O que quer um matador
em sua alma de aluguel
e seu coração de breu?
Por acaso busca o céu,
ao destroçar sua presa
com a devoção de quem reza?
Por que lhe negar revanche,
ao decretar seu desmanche?
O que move um matador
na explosão do disparo?
Algum diamante raro?
Algum tesouro escondido
que se evola no estampido?
O que busca um matador?
Busca – por acaso – grana?
Busca, na infâmia, fama?
Acaso, a vida é o dízimo
de sua igreja de abismo?
Salgado Maranhão
Caxias – MA (1953)
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