quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Michel Deguy



Prosa


Sinto sua falta porém agora
Não mais do que aqueles que não conheço
Invento-os crivando com suas faces
A terra que foi rica em mundos
(Quando cada rei guiava uma ilha
Segundo o cálculo de seus bens (cinza de
Pássaros, manganês e salamandra)
E naufragados federavam as orlas)

Agora sinto sua falta porém
Como daqueles que não conheço
Cuja impaciência imagino ter seu rosto
Lancei seus dentes aos devaneios
Olhei você por cima do ombro

(Existem vestais que reconduzem ao Pacífico
Sua água fumega Logo após a partida dos fiéis
O oceano baba como um mongol nos travesseiros da cama
Bolas de carniça e pêlos na sarjeta de sal
Um elefante blasfema Posêidon)

Não sinto sua falta mais do que daqueles
Que não conheço agora
Órfico você tornou-se
Lancei Sua ausência desmembrada em diversos vales
Você transformou-me em hóspede Eu sei
Ou invento


Michel Deguy
Paris - França (1930)

Tradução: Paula Glenadel e Marcos Siscar

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