sábado, 13 de fevereiro de 2010

Valberto Cardoso



A invenção do dia


Desconheço aquela paisagem
Que cobria os meus olhos, os meus pés, os meus dedos,
Sirenes do dia

Desconheço o brejo e suas fábricas
As crianças que brincavam comigo,
Que atravessavam a história do beijo

Não desejei perseguir as ruas por onde construí estes descaminhos
Onde ficou o nosso hóspede no momento em que o porão se desfazia
Emparedado à sombra da renúncia?

Assim foi a casa, a cozinha, o quintal
E a fração do almoço,
Como proclamar o diário da boca
E assim a obrigação de dobrar lençóis...
O sol - maior que os quartos - e a terra nos vestiam de intervalos

Entre os inventários, a ruína
O rito das traças, a melodia devorada
Fora da sala o incompleto palácio

E a oração da tarde
A percorrer a ingênua cidade

O anúncio da hora prévia
E exata da verdade


Valberto Cardoso
Areia - PB (1971)

5 comentários:

  1. Valberto é mais bela poesia personificada.

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  2. Que lindo! Senti saudades de um tempo e de um lugar também! Parabéns, adorei!

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  3. Oi valberto...
    Aqui é Ibéria que foi sua aluna no cursinho da UFPB
    Procurei de várias formas entrar em contato com você
    Você me pediu que lhe avisasse o aviso de quando fosse ocorrer a semana de letras na UEPB
    Pois bem
    Ela acontecerá de 21 a 23 de setembro
    Se quiser manter contato, meu e-mail é:
    iberiafarias@yahoo.com.br

    Abraço,
    Ibéria de Souza Farias

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  4. Oi valberto...
    Aqui é Ibéria ( de novo! ) que foi sua aluna no cursinho da UFPB
    Procurei de várias formas entrar em contato com você
    Você me pediu que lhe avisasse o aviso de quando fosse ocorrer a semana de letras na UEPB
    Pois bem
    Ela acontecerá de 21 a 23 de setembro
    Se quiser manter contato, meu e-mail é:
    iberiafarias@yahoo.com.br

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  5. Não o conheci por acaso... não o admiro por acaso... jamais o esquecerei... por acaso é possível viver sem poesia!... sem sentir! sem respirar o mesmo ar que respiram os poetas... Não!! Quero a proximidade dos que sentem... enxergam... escrevem... revelam-se através da alma exposta...
    Obrigada por existires!
    Beto Cardoso, meu amigo... você merece cada elogio a você dedicado.

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