o fim da palavra
o infinito começa onde termina
a palavra, onde escapa algum sentido
que, à distância, não deixa de ser íntimo
jamais além dos corpos, estes cosmos
cujo caos em tensão lhes dá o princípio
o infinito não sabe o longe e o perto
os contém e até nós, os contornados
extraviamos a pele e nele imersos
nos perdemos em mar sem tempo e espaço
como aquele onde singra todo afeto
o infinito alcançamos pelo abraço
e por ele se encorpa em nós um gesto
e mais outro, e mais tantos, feito as águas
que do atlântico tangem cada estômago
de fluído ácido e agora em sal completo
o infinito precede a linha reta
nela inscrito, surpreende o sucessivo
– vige no antes e no entre dois pontilhos:
simultâneo ao caminho, nunca a meta
se ele mora aqui mesmo, no interstício
o infinito termina onde começa
a palavra, e mais esta que lhe oferta
o batismo: a palavra que o limita
com seu som e sentido – o de infinito –
apesar de infinitas todas elas
Igor Fagundes
Rio de Janeiro – RJ (1981)
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