Foto/Divulgação: Paulo Lacerda
êxodo
comemos a fruta
que o tempo madurou
no ventre da terra
devoramos sua casca
seu miolo e suas fibras
e as sementes úmidas
de saliva e sal
não vingam na aridez
sulcamos seu imo
e retemos o sumo
viemos de algum lugar
perdido na memória:
forasteiros campestres
estradeiros da morte
galgamos o infinito
miramos os pássaros
e ouvimos gorjeios
desfeitas as rédeas
os potros sumiram
caminheiros sem rumo
iremos a algum lugar
matinais ou vespertinos
marginais e viperinos
fiamos nossos destinos
sob o sol e sob a lua
Wilmar Silva
Rio Paranaíba - MG (1965)
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