segunda-feira, 5 de julho de 2010

Wilmar Silva


Foto/Divulgação: Paulo Lacerda

êxodo



comemos a fruta
que o tempo madurou
no ventre da terra

devoramos sua casca
seu miolo e suas fibras
e as sementes úmidas
de saliva e sal
não vingam na aridez

sulcamos seu imo
e retemos o sumo

viemos de algum lugar
perdido na memória:
forasteiros campestres
estradeiros da morte
galgamos o infinito

miramos os pássaros
e ouvimos gorjeios
desfeitas as rédeas
os potros sumiram

caminheiros sem rumo
iremos a algum lugar

matinais ou vespertinos
marginais e viperinos
fiamos nossos destinos
sob o sol e sob a lua


Wilmar Silva
Rio Paranaíba - MG (1965)

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