sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Romério Rômulo


vento, no desvio


para falar de mim, a imagem
é a pedra que se acerca da cabeça.
por vezes sou herói, vilão sou sempre
mergulhado num espanto de silêncio.
por vezes, um filão, dez vezes rocha
que, brusca, não se sabe a serventia:
só trabalhar o vento, no desvio.

a marcha resolvida é o encanto
que o olho, sabedor de quantos riscos,
faz rasgar do mundo o ventre podre.
pobre maçã que apodrece toda
sem contemplar algum faminto vago
que coordena a minha ação de alma.

meu coração cubano, negro, índio, belga,
espanhol, derrame permanente
fez da pólvora, doce, carregada
cascos rasgando a terra sucumbida.


Romério Rômulo
Felixlândia – MG (?)

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