O homem só
Uma mulher
é sempre duas
duas vezes ela conhece
o nascimento e a morte
o rosto da mulher se bifurca
deixando falsas pistas
migalhas que um pássaro
segue até a armadilha
apenas a mulher
conhece a unidade
a curva da vida
definindo seu perfil.
O homem só
não é um homem triste
Sua vida
é uma fecunda brevidade
Só e pleno
despojado do acessório
Pode acompanhar
uma nova juventude
O homem só
estação de onde parte a vida.
Morrer é bem intransferível
com ninguém se partilha
nem a ninguém se diz a dor
pura de apagar-se sozinho
Morrer é retornar ao estar só
o ventre sem rosto
para o qual foram criadas
nossas mãos e ossos de barro.
Fábio Andrade
Recife – PE (1977)
Uma mulher
é sempre duas
duas vezes ela conhece
o nascimento e a morte
o rosto da mulher se bifurca
deixando falsas pistas
migalhas que um pássaro
segue até a armadilha
apenas a mulher
conhece a unidade
a curva da vida
definindo seu perfil.
O homem só
não é um homem triste
Sua vida
é uma fecunda brevidade
Só e pleno
despojado do acessório
Pode acompanhar
uma nova juventude
O homem só
estação de onde parte a vida.
Morrer é bem intransferível
com ninguém se partilha
nem a ninguém se diz a dor
pura de apagar-se sozinho
Morrer é retornar ao estar só
o ventre sem rosto
para o qual foram criadas
nossas mãos e ossos de barro.
Fábio Andrade
Recife – PE (1977)
O homem só, pleno porque despojado. Como nos diz Montaigne: "Devemos medi-lo sem pernas de pau, nem riquezas, nem dignidades: em mangas de camisa".
ResponderExcluirMontaigene, Livro I, cap. XLII, Da desigaldade entreos homens.
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