domingo, 24 de junho de 2012

Rosana Banharoli


Foto/Divulgação: Mário Barbosa


Comunhão


A constelação
soluça luz no universo
e reflete no espelho
do tempo
meu mundo interior



Meu mundo Sísifo


O risco de escavar o tempo
É o de sentir o vento tirar as máscaras
E só restar o incômodo de viver nu
E só



Ninho
Para Claudio Willer


Nas barbas do frio,
percorri a noite.

Vi crianças soltas
no tempo, em estrados
de concreto aparente.

Ouvi gritos histéricos
tambores, sussurros
e devaneios.

Insólita e só,
dancei Mozart
e declamei Hilda Hilst.

Desci às entranhas
e senti vida em galhos secos
e folhas soltas.
É inverno!



(or) Ação


Vertigens dogmáticas
Me levam ao chão
Onde lavo meus pecados
Em genuflexão



Pesadelo


Naquela noite de partida
Chorei
Gozo de despedida
Choro de futuro em preto e branco
Resultado de pacto de sangue
Feito branco no preto.
Tantos anos,
E, ainda, não consigo ver as cores
Tantos anos,
E, ainda, não consigo ver além das sombras
Só vejo as faces do medo
Só vejo as fases do medo
E(sobre)vivo usando disfarces
Despedindo-me do passado.


Rosana Banharoli
Santo André – SP (1960)


Um comentário:

  1. obrigada. estou, estou, emocionada. sou muito sua fã e você com tamanha generosidade em me publicar. obrigada. aquela sua pedra, aquele seu lugar. meu Ventos lá. meus poemas aqui.obrigada.

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