sexta-feira, 16 de julho de 2010

Mariana Ianelli


Foto/Divulgação: Petronio Cinque


Herculano


Estranha manhã em Herculano,
Nos entrelaçamos como uma aranha.
Temos todo o tempo e o tempo é curto,
Em um minuto o passado elabora
O museu do futuro.

Podemos ainda amar a casa,
Encher as taças,
Inventar algum desejo pequeno
Com ares de importante.

Qualquer disparate
Nós podíamos, se quiséssemos,
Uma fresta de esquecimento
Onde tudo condensa memória.

Preferimos o momento ele puro, de calcário,
A fina arte da escultura.

Pouco importa a cara sufocada,
O corpo flagrado na posição do susto.
Passará a tempestade de pó,
A febre arreganhada passará, o escuro.

Não passará minha solidão socorrendo a tua.


Mariana Ianelli
São Paulo – SP (1979)

Um comentário:

  1. Belo canto, em Herculano, Mariana! Ao embalo do lirismo, as enumerações, do início, e a gradação descendente, ao final, sulcando profundamente os sentimentos. Ficou muito bem construído, Mariana. Adorei!
    Faço parte da comissão editorial do Jornal Poesia Viva e gostaria de convidá-la a participar de um dos próximos números. Já existe há 15 anos e o atual, de número 44, encontra-se online. Caso você queira conhecê-lo melhor, poderia enviar-lhe alguns números já publicados. Meu e mail é leamadureira@hotmail.com
    Grande abraço, Léa Madureira Lima

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