quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

José Inácio Vieira de Melo


Foto/Divulgação: Ricardo Prado


Paz


Eu,
que venho de tempestades,
anuncio a calmaria.

A violência
que existia em mim
rasguei na bala.



Toada da despedida
Para Antonia Torreão Herrera


Certo. Temos que ir.
E, quando damos o passo,
muito do que somos fica.
Muito mais seremos.

Inevitável a única certeza:
um dia a Derradeira vai lamber
a tua boca e já estarás
habitando noutras plagas.

Não te aperreies, é assim mesmo:
a despedida é a véspera do encontro
(e o mundo – que nem peão –
continua no arrodeio, na ladainha).

Amanhã, quiçá, estaremos juntos
nos favos de mel das europas
ou no estrume das vacas leiteiras.
Vamos cumprir as quadras da vida!



Cerca de Pedra


Aqui, na Cerca de Pedra,
nesta noite caatingueira,
estou em silêncio, ouvindo
o silêncio das estrelas.


José Inácio Vieira de Melo
Olho d'Água do Pai Mané - AL (1968)

2 comentários:

  1. Oi José Inácio eu não sou boa para comentários poéticos, mas gosto demais da sua poesia. Ela chega junto ao meu coração. Ela chega e fica comigo. Não sei explicar. Só sei que é sempre um prazer uma poesia sua. Abraços.

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  2. Concordo com a Mercinha, José Inácio, quando diz que sua poesia chega pra ficar junto a nós. É que nos surpreende pega de jeito e já se instala, por mais coisa-a-fazer que tenhamos. Justo é o que procuramos, ao ler poemas. Que nos surpreendam que nos acendam mais poemas poemas e poemas. Um forte abraço, Léa Madureira Lima

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